DIREITOS HUMANOS E OS DIREITOS DOS ANIMAIS
In Direito dos animais02/08/08
Por que é tão difícil defender os animais?
Num mundo que não respeita nem sequer "os direitos humanos" fica muito difícil respeitar os direitos dos animais.
A
evolução técnica em todos os campos trouxe ao mesmo tempo a evolução do
pensamento, pois a técnica não pode aperfeiçoar-se independente do
pensamento. O homem moderno se aprimora em todos as atividades, mas só
pratica aquelas que lhes convém. Um dos campos pouco conhecidos ou não
praticado por conveniência é o da ética. Isto porque está ligada
diretamente à filosofia e ao direito. A ética é o caminho mais fácil
para explicar o porque da defesa dos animais. Defender os animais apenas
por dó ou amor é muito bom, mas o problema é que nem todas as pessoas
tem em sua natureza e formação o amor, pois isto vem de uma série de
circunstâncias ligadas a formação da personalidade. Assim cabe a ética
convencer a todos sobre a defesa dos animais.
Com
relação à ética há várias formas de se abordar a defesa dos animais.
Pode-se partir de alguns princípios básicos: “de que os animais possuem
os mesmos órgãos dos sentidos dos humanos e, portanto sentem o mesmo, de
que os humanos também são animais, de que todos somos terráqueos, de
que não é justo escravizar seres vivos iguais a nós apenas porque são de
outra espécie (especismo), etc..” Embora havendo todas as respostas na
ética, na moral, na filosofia e no direito (direito dos animais), a
defesa dos animais é um dos temas que mais encontra barreiras ou
impedimentos, porque não dizer inimigos.
O
primeiro passo é perceber que a maioria das pessoas não consegue ver a
defesa dos animais através da ética ou moral pelo simples fato de não
estarem habituadas a estas correntes do pensamento. Muitas nem sabem o
que é ética ou moral. Assim populações inteiras ficam sem entender
porque se deve (eticamente) defender os animais.
Como
se não bastassem todos esses impedimentos de ordem intelectual, para
quem se propõe a defender os animais, surge além do mais impedimentos de
ordem ainda maior. São eles: A indústria animal, a tradição e o comodismo.
Indústria animal:
Envolve todas as formas de lucro com o uso dos animais. Animais para
alimentação, divertimentos, peles, experiências e vários outros
derivados do reino animal. Essa indústria mundial e poderosa não abre
mão do uso dos animais e os explora de forma desumana como simples
objetos geradores de matérias primas e fonte inesgotável de lucros.
Tradição:
Excetuando-se alguns casos isolados, em quase toda a tradição ocidental
é normal e tradicional o uso de animais como alimentos, divertimentos,
trabalho, produtos, etc. (o que vem sendo a indústria animal) A tradição
é de difícil modificação já que está enraizada nas gerações e vem
passando de pai para filho sem interrupção. É, portanto, bastante
difícil alguém ter coragem suficiente para quebrar essa corrente e
modificar atitudes a partir de um determinado momento. Nesse sentido um
dos movimentos que se destaca na quebra de barreiras é o movimento vegetariano que vem ganhando adeptos em todo o mundo constituindo-se no maior amigo dos animais.
A tradição:
além de proporcionar costumes moderados como a criação de animais
domésticos com pouca liberdade chega os extremos de crueldade como às
touradas e a caça.
O comodismo:
Milhões de pessoas estão comodamente envolvidos com suas atividades e,
portanto não tem tempo nem disposição sequer para pensar nos animais.
Para uma compreensão melhor sobre o relacionamento das pessoas com a causa animal podemos dividi-los em quatro grupos:
Os leigos:
Milhões de pessoas passam pela vida, ocupados em inúmeras atividades,
sem que estas tenham a menor relação com os animais. Dessa forma nunca
ficam sabendo que os animais sofrem nem que tem direitos e que estes
devem ser respeitados.
Os indiferentes:
Há um grupo de pessoas que em algum momento de suas vidas assistiram a
algum filme ou leram algo com relação ao sofrimento dos animais. Muitas
vezes até sentiram muito e se preocuparam, mas depois, mesmo sabendo de
todo o sofrimento e tragédia dos animais, continuam indiferentes a causa
animal.
Os protetores:
Pessoas que num determinado momento, de alguma maneira souberam da
causa animal e ao contrário dos indiferentes, a partir daquele momento
passaram a agir em defesa dos animais, protegendo-os, divulgando,
incentivando de inúmeras maneiras as consciências de outros para a causa
ou mesmo participando diretamente de ações arriscadas para a defesa e
libertação de animais.
Os exploradores: São pessoas que exploram os animais em suas múltiplas
formas, desde o simples cão de guarda até criação para alimentação,
extração de peles, uso para testes em laboratórios e muitas outras
formas. Essas pessoas na maioria dos casos estão cientes da crueldade
que causam aos animais e do erro que isto representa, mas para elas
trabalhar ou proporcionar trabalho nessas atividades horrendas é apenas
um meio para ganhar dinheiro. São pessoas sem ética que não tem um pingo
de consideração à vida. Estão infiltrados em todos os níveis
profissionais, desde o dono da indústria de peles ou de produtos
alimentícios até o que mata e esquarteja o animal para esses fins. Tanto
um quanto outro não têm a menor desculpa diante da ética e da moral,
pois existem milhares de outras formas de se ganhar a vida que não seja
sacrifício de animais.
A resolução dos Direitos dos Animais foi aprovada em 27 de janeiro de 1978 pela ONU e se refere ao trato e cuidados que devem ser aplicados aos animais. Esses direitos foram registrados quando a UNESCO
proclamou a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, Previsto
para constar das leis de todos os países signatários, entretanto mesmo
fazendo parte da lei dos referidos países em poucos deles tais leis são
colocadas em prática. Parece
que o poder da industrial animal e do dinheiro fala mais alto que as
leis. Assim, deparamo-nos com a triste realidade. Milhões de pessoas
desconhecem a declaração ou sequer sabem que em seus países existem leis
de defesa dos animais. (Leia a declaração)
Dois grandes marcos na defesa dos direitos dos animais:
As
vezes um livro ou mesmo um filme tem o poder de mudar os conceitos de
toda uma geração. São feitos por uma dessas pessoas especiais,
inspiradas e dedicadas a uma causa. Na defesa dos animais não há muitas
dessas ocorrências mas, as poucas existentes são de uma importância e
profundidade enormes e surgiram mesmo como um divisor de águas; "um
antes e um depois". É o caso de duas obras máximas para a defesa dos
animais:
"Jaulas Vazias". Livro de Tom Regan,
é um desses divisores de águas com relação ao tema dos direitos dos
animais. O autor narra sua trajetória até a descoberta intelectual da
"consciência animal", o reconhecimento libertário dos animais como
"sujeitos de uma vida". Expõe com determinação tudo por que passam os
animais, desde a indústria da alimentação até o uso para divertimentos. É
um livro forte, imperdível, uma obra que toca o mais profundo da
consciência humana. É um texto que parece dirigir-se diretamente a alma
de cada leitor e não apenas à inteligência. É impossível alguém ler esse
livro e continuar como era antes.
O filme Terráqueos (Earthlings). É um grande marco na defesa dos animais. Qualquer pessoa de bom senso pode dividir sua vida em dois períodos, antes de depois de assistir “Terráqueos”.
Mas para assistir tem que ter coragem. Tem que estar disposto a chorar,
a ver tudo que fez e o que fará daí para frente. Tem que estar disposto
a ter nojo de ter nascido entre os humanos, mas ao mesmo tempo perceber
que pelo simples fato de alguém ter feito um filme como este nem tudo
está perdido, ainda há uma esperança. O filme é narrado por Oscar Joaquin Phoenix (Gladiador). Em 2005 ganhou 3 prêmios em 3 festivais diferentes, Boston, San Diego e Artivist. Leonardo Bezerra
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